Encontro de última hora não resolve o diferendo
(Maputo) Durante o fim de semana, nada mudou nos
entendimentos entre o governo e os sindicatos, pelo que o mais
provável é que a greve geral vá avante nos dias marcados (de
quarta a sexta desta semana).
No sábado os ministros Luísa Diogo (Finanças), Castigo Langa
(Recursos Minerais e Energia) e do Trabalho (Mário Sevene),
acompanhados de dois vices, reuniram com representantes das
duas centrais sindicais (OTM e Consilmo) e com um
representante do sindicato dos professores (SNPM).
Segundo disse Sevene ao “mt” ontem, o encontro de mais de uma
hora não conseguiu encontrar uma “solução para evitar a greve
geral”. O governo, segundo Sevene, reiterou que “o salário
mínimo é um salário indicativo”. E apelou a que haja um “esforço
conjunto” para que nas empresas seja aplicado um salário
superior ao mínimo.
O ministro disse-nos que não está previsto mais nenhum encontro.
O presidente da OTM, Amós Matsinhe, referindo-se ao encontro
de sábado, disse-nos que “os membros do governo foram-nos dar
explicações sobre a aplicação dos 16%, mas isso não altera nada
a nossa posição”. Acrescentou que “reiterámos que o assunto
para evitar a greve é a nossa proposta de 30%”.
Segundo declarações de responsáveis sindicais, para se evitar o
aproveitamento oportunista da greve para desencadeamento de
distúrbios, não haverá manifestações públicas. Os trabalhadores
que aderirem à greve limitar-se-ão a ficar em casa.
QUEM ADERE, QUEM NÃO ADERE
Zandamela anunciou que a nova SG do SNPM é Emília Afonso.
Relativamente à greve geral, o novo secretariado, disse
Zandamela numa conferência de imprensa na sexta-feira, não
estava informado mas ele tinha sido informado pelo SG cessante,
Domingos Ferrão, ainda no decurso dessa conferência de
imprensa, que os professores pretendiam realizar uma greve.
Segundo Zandamela, o secretariado e ele não só desconheciam da
greve mas também a “motivação e os fundamentos da mesma”.
Acrescentou que “a nossa organização sindical não assume
qualquer consequência sobre a greve. Não negamos a greve. Os
objectivos até podem ser salutares”. E concluiu. “Moralmente
podemo-nos solidarizar”.
Recorde-se que Ferrão subscreveu a convocação da greve geral
em nome do SNPM.
Os nossos contactos com a associação dos enfermeiros não
produziram nenhuma conclusão quanto à posição desta classe.
Por seu turno, Eugénio Filimone, Presidente da Associação dos
Transportadores de Maputo (ATROMAP), disse-nos que os
transportadores não vão aderir à greve geral porque “não há
razão para isso”. Ele recordou que “quando os transportadores
fazem greve os sindicatos não aderem. Nós, transportadores,
pagamos um pouco acima dos 30% sugeridos pelo sindicato”. Por
outro lado, “eu sou empregador, não alinho com empregados. Se
aparecer um empregado a dizer que é mal pago vamos sentar e
ver”.
O presidente da Associação Comercial de Moçambique (ACM),
Salimo Abdula, declarou, em carta dirigida aos associados na
sexta-feira passada, que “temos a consciência das dificuldades
financeiras que a maioria das empresas está a enfrentar”, e
solicita “encarecidamente a todos os associados que de uma
forma consciente contribuam ... para que a subida dos 16% no
salário mínimo não influencie a subida directa dos produtos e
serviços ao consumidor”. |