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Artigo do metical de 24 de Julho


Greve geral parece certa
Encontro de última hora não resolve o diferendo

(Maputo) Durante o fim de semana, nada mudou nos entendimentos entre o governo e os sindicatos, pelo que o mais provável é que a greve geral vá avante nos dias marcados (de quarta a sexta desta semana).

No sábado os ministros Luísa Diogo (Finanças), Castigo Langa (Recursos Minerais e Energia) e do Trabalho (Mário Sevene), acompanhados de dois vices, reuniram com representantes das duas centrais sindicais (OTM e Consilmo) e com um representante do sindicato dos professores (SNPM).

Segundo disse Sevene ao “mt” ontem, o encontro de mais de uma hora não conseguiu encontrar uma “solução para evitar a greve geral”. O governo, segundo Sevene, reiterou que “o salário mínimo é um salário indicativo”. E apelou a que haja um “esforço conjunto” para que nas empresas seja aplicado um salário superior ao mínimo.

O ministro disse-nos que não está previsto mais nenhum encontro.

O presidente da OTM, Amós Matsinhe, referindo-se ao encontro de sábado, disse-nos que “os membros do governo foram-nos dar explicações sobre a aplicação dos 16%, mas isso não altera nada a nossa posição”. Acrescentou que “reiterámos que o assunto para evitar a greve é a nossa proposta de 30%”.

Segundo declarações de responsáveis sindicais, para se evitar o aproveitamento oportunista da greve para desencadeamento de distúrbios, não haverá manifestações públicas. Os trabalhadores que aderirem à greve limitar-se-ão a ficar em casa.

QUEM ADERE, QUEM NÃO ADERE
O SNPM anuncia hoje a sua posição definitiva sobre se vai participar ou não na greve geral, disse na sexta-feira José Zandamela, presidente da Assembleia Geral deste sindicato.

Zandamela anunciou que a nova SG do SNPM é Emília Afonso.

Relativamente à greve geral, o novo secretariado, disse Zandamela numa conferência de imprensa na sexta-feira, não estava informado mas ele tinha sido informado pelo SG cessante, Domingos Ferrão, ainda no decurso dessa conferência de imprensa, que os professores pretendiam realizar uma greve.

Segundo Zandamela, o secretariado e ele não só desconheciam da greve mas também a “motivação e os fundamentos da mesma”. Acrescentou que “a nossa organização sindical não assume qualquer consequência sobre a greve. Não negamos a greve. Os objectivos até podem ser salutares”. E concluiu. “Moralmente podemo-nos solidarizar”.

Recorde-se que Ferrão subscreveu a convocação da greve geral em nome do SNPM.

Os nossos contactos com a associação dos enfermeiros não produziram nenhuma conclusão quanto à posição desta classe.

Por seu turno, Eugénio Filimone, Presidente da Associação dos Transportadores de Maputo (ATROMAP), disse-nos que os transportadores não vão aderir à greve geral porque “não há razão para isso”. Ele recordou que “quando os transportadores fazem greve os sindicatos não aderem. Nós, transportadores, pagamos um pouco acima dos 30% sugeridos pelo sindicato”. Por outro lado, “eu sou empregador, não alinho com empregados. Se aparecer um empregado a dizer que é mal pago vamos sentar e ver”.

O presidente da Associação Comercial de Moçambique (ACM), Salimo Abdula, declarou, em carta dirigida aos associados na sexta-feira passada, que “temos a consciência das dificuldades financeiras que a maioria das empresas está a enfrentar”, e solicita “encarecidamente a todos os associados que de uma forma consciente contribuam ... para que a subida dos 16% no salário mínimo não influencie a subida directa dos produtos e serviços ao consumidor”.
(recolha por Zacarias Couto)


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