(Maputo) Do ramo metalo-mecânico, 35 empresas privadas vão
aderir à greve geral. Isto foi anunciado ontem pelos secretários
dos 35 comités sindicais locais que estiveram reunidos com a
OTM.
Em nenhuma das 35 empresas vigora o salário mínimo. E pelo
menos duas tiveram aumentos depois de anunciada a intenção de
greve geral. Mesmo estes aumentos foram a partir de salários que
já eram acima do mínimo. Apesar disto, e mesmo que os patrões
descontem três dias no salário de Julho, os trabalhadores
decidiram aderir à greve.
A ameaça de desconto de três dias de salário não aconteceu em
todas as metalo-mecânicas. Aos representantes sindicais foi
recomendado que argumentassem junto dos respectivos patrões
que tais descontos seriam ilegais pois a greve geral é legal.
Os trabalhadores da Mozal, cujo salário mínimo é pelo menos três
vezes superior ao mínimo nacional, informaram o respectivo
sindicato de que também aderem à greve, em solidariedade. O
secretariado sindical do ramo metalo-mecânico recebeu ontem
telefonemas de gente a informar que os funcionários sul africanos
da Mozal tencionavam ir para a RAS antes da greve,
alegadamente por temerem distúrbios.
Neste encontro sindical de ontem, os dirigentes da OTM apelaram
aos trabalhadores para não confiarem na imprensa pois está a
haver desinformação veiculada por alguns jornais.
Trabalhadores da Migração, afectos à fronteira de Ressano
Garcia, prometeram aderir à greve geral, segundo disse ao “mt”
uma senhora que regularmente vai à África de Sul tratar de
negócios. Ela diz que, ao atravessar a fronteira no último sábado,
“os funcionários da Migração disseram-me que não valia a pena
viajar antes do próximo sábado porque a fronteira estará
fechada”.
Ontem contactámos a chefe dos Recursos Humanos da Direcção
Nacional de Migração que nos disse que a sua instituição não irá
aderir à greve. Ela não quis comentar as alegadas declarações
dos funcionários da fronteira, argumentando que não era a pessoa
indicada.
PROFESSORES
Ontem à tarde, uma das vice-presidentes do SNPM, Raquel
Damião, disse-nos que “eu estive na sessão do Comité Central.
Apareceu um documento que eu assinei”. Ela referia-se ao
documento da presidência do sindicato a dizer que não aderia à
greve.
O SG cessante, Domingos Ferrão, subscreveu, na quinta-feira,
junto do forum de concertação sindical, um compromisso de
adesão à greve. Mas, segundo ele, fê-lo provisoriamente pois a
última palavra pertencia à presidência do sindicato. Fontes do
SNPM disseram-nos que esta decisão de não aderir não parte de
nenhuma reunião dos órgãos centrais do sindicato.
Adicionalmente, os nossos contactos com professores indiciam
uma vontade forte da parte deles de aderirem à greve. De Gaza,
recebemos a informação de que os professores se preparavam
para ficar em casa a partir de amanhã mas que o comunicado
assinado por Zandamela e pelas duas vice-presidentes tinha
instalado a dúvida sobre o curso a seguir.
O “mt” possui cópia de um outro comunicado, assinado pela duas
vice-presidentes, no qual elas dizem que não reconhecem o recém-releito secretariado e convocam o “Congresso Extraordinário a
ser realizado ainda este ano”. Zandamela reconhece o novo
secretariado.
Ontem ouvimos a secretária provincial do SNPM em Gaza, Gilda
da Glória, sobre este diferendo. Ela disse-nos que as duas vices
“estão livres de apresentar o seu sentimento. A primeira vice-presidente
(Raquel Damião) recebeu o bilhete de avião e não viajou para
Chimoio, e as pessoas ficaram à espera dela. Esta posição fere os
membros do Conselho Nacional do SNPM. O Conselho dissolveu
o secretariado cessante e elegeu outro. Nós estamos num país
democrático”.
ENFERMEIROS
Por outro lado, ele observou que não queria que se repetisse
aquilo que “aconteceu em 1990, quando da greve dos
enfermeiros. Devemos respeitar a vida humana que é o
fundamento da nossa presença no hospital”.
Por último, disse-nos que “nós solidarizamo-nos por esta frente de
combate dos direitos do trabalhador, pois nós também somos
trabalhadores. E sabemos que temos lacunas nos nossos salários.
O pessoal de enfermagem ganha muito mal”.
Mas insistiu que “ir para a greve emocionalmente não é oportuno.
É preciso que a greve seja preparada”.
Maheche recordou que “nós somos uma associação não filiada na
OTM. O Forum da Concertação Sindical organizou encontros ao
nível do país, mas nunca nos contactou para uma abordagem para
esta questão de greve”. (recolha por Zacarias Couto)
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