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Artigo do metical de 28 de Julho


Sindicatos exigem provas ao PM

(Maputo) A convocação da greve geral pelos sindicatos para esta semana e que acabou fracassando nunca teve mão estrangeira, disseram-nos, separadamente, Madalena Zandamela e Jeremias Timana, da OTM e da CONSILMO, respectivamente, em reacção à acusação feita pelo Primeiro Ministro, Pascoal Mocumbi.

No habitual encontro com jornalistas decorrido ontem, em Maputo, o PM disse que “houve agitadores estrangeiros” que influenciaram os trabalhadores moçambicanos para a realização da greve, sob o pretexto de assessoria. Entretanto, ele não indicou os nomes dos referidos agitadores.

A propósito, o “mt” ouviu a OTM-Central Sindical (OTM) e a Confederação dos Sindicatos Livres Independentes (CONSILIMO). As duas organização foram unânimes, desafiando o PM a indicar os tais agitadores.

Madalena Zandamela, uma das secretárias da OTM, disse ontem ao “mt” o seguinte: “Não recebemos nenhuma assessoria estrangeira. A OTM nunca precisou de ajuda de estrangeiros. A greve teria sucesso por causa de grande trabalho feito nas províncias. A própria Lei do Trabalho regula o direito à greve”. Acrescentou que “o Primeiro Ministro é autoridade competente para indicar os nomes e a proveniência de tais estrangeiros caso existam. Acho que ele devia clarificar melhor a sua declaração”.

Questionada sobre o que estaria por detrás das declarações do PM, Zandamela comentou que “não sabemos porque ele diz isso. Seria interferência no pensamento de alguém”.

Por seu turno, Jeremias Timana, SG da CONSILIMO, respondeu- nos o seguinte: “Não temos nenhuma mão estrangeira. O sofrimento dos moçambicanos não tem nada a ver com estrangeiros”

Seguidamente, Timana acrescentou que “essas declarações espantam-me. São pouco infundadas. Pensa-se que em qualquer greve há mão estrangeira. Nós provamos com o nosso grau de patriotismo os problemas dos trabalhadores”.

Indagamos igualmente a Timana o que estaria por detrás das declarações do PM. Ele respondeu que “não posso adivinhar porque o Primeiro Ministro falou assim. Se ele tem conhecimento dos tais estrangeiros devia indicar”.

No final deste trabalho pudemos ouvir Hilário Matusse, SG dos Sindicato Nacional de Jornalistas, e o Presidente da OTM, Amós Matsinhe.

“Nós é que preparamos a greve”, frisou Matusse. “Lamento que o governo tenha feito um acordo connosco quando sabe que há uma mão estrangeira”.

Matsinhe disse-nos que “distanciámo-nos destas declarações”. A organização da greve “foi apenas o nosso trabalho. É forma de querer manchar o nosso trabalho. Nós esperámos que ele se explique”.
(recolha por Arménia Mucavele)


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