(Maputo) A convocação da greve geral pelos sindicatos para esta
semana e que acabou fracassando nunca teve mão estrangeira,
disseram-nos, separadamente, Madalena Zandamela e Jeremias
Timana, da OTM e da CONSILMO, respectivamente, em
reacção à acusação feita pelo Primeiro Ministro, Pascoal
Mocumbi.
No habitual encontro com jornalistas decorrido ontem, em
Maputo, o PM disse que “houve agitadores estrangeiros” que
influenciaram os trabalhadores moçambicanos para a realização
da greve, sob o pretexto de assessoria. Entretanto, ele não indicou
os nomes dos referidos agitadores.
A propósito, o “mt” ouviu a OTM-Central Sindical (OTM) e a
Confederação dos Sindicatos Livres Independentes
(CONSILIMO). As duas organização foram unânimes,
desafiando o PM a indicar os tais agitadores.
Madalena Zandamela, uma das secretárias da OTM, disse ontem
ao “mt” o seguinte: “Não recebemos nenhuma assessoria
estrangeira. A OTM nunca precisou de ajuda de estrangeiros. A
greve teria sucesso por causa de grande trabalho feito nas
províncias. A própria Lei do Trabalho regula o direito à greve”.
Acrescentou que “o Primeiro Ministro é autoridade competente
para indicar os nomes e a proveniência de tais estrangeiros caso
existam. Acho que ele devia clarificar melhor a sua declaração”.
Questionada sobre o que estaria por detrás das declarações do
PM, Zandamela comentou que “não sabemos porque ele diz isso.
Seria interferência no pensamento de alguém”.
Por seu turno, Jeremias Timana, SG da CONSILIMO, respondeu-
nos o seguinte: “Não temos nenhuma mão estrangeira. O
sofrimento dos moçambicanos não tem nada a ver com
estrangeiros”
Seguidamente, Timana acrescentou que “essas declarações
espantam-me. São pouco infundadas. Pensa-se que em qualquer
greve há mão estrangeira. Nós provamos com o nosso grau de
patriotismo os problemas dos trabalhadores”.
Indagamos igualmente a Timana o que estaria por detrás das
declarações do PM. Ele respondeu que “não posso adivinhar
porque o Primeiro Ministro falou assim. Se ele tem conhecimento
dos tais estrangeiros devia indicar”.
No final deste trabalho pudemos ouvir Hilário Matusse, SG dos
Sindicato Nacional de Jornalistas, e o Presidente da OTM, Amós
Matsinhe.
“Nós é que preparamos a greve”, frisou Matusse. “Lamento que
o governo tenha feito um acordo connosco quando sabe que há
uma mão estrangeira”.
Matsinhe disse-nos que “distanciámo-nos destas declarações”. A
organização da greve “foi apenas o nosso trabalho. É forma de
querer manchar o nosso trabalho. Nós esperámos que ele se
explique”. |