"INSULTO"
As acusações infundadas do Primeiro Ministro - sobre a alegada
mão externa - são uma ofensa aos trabalhadores de Moçambique.
Mas também nós os trabalhadores somos culpados, pois este
governo foi-nos explorando ao longo dos anos e nunca
reclamámos. Por isso é que os governantes pensam que não
podemos ter ideias próprias.
Os governantes pensam sempre que o povo, como é analfabeto,
não sabe analisar. Somos analfabetos, mas não somos estúpidos.
O senhor PM pensa que precisamos de estrangeiros para vermos
que os gastos que se fazem à sua volta, do PR e do Presidente da
AR , são um exagero? Para vermos que, quando se deslocam em
missões partidárias, os governantes levam tantos carros do
Estado, incluindo ambulâncias e médicos que tanta falta dão aos
hospitais?
Nós sabemos, apesar de analfabetos, que o partido ganhador
usou, durante a campanha eleitoral, meios do Estado no lugar dos
meios próprios.
Esse dinheiro devia ter sido poupado para melhorar as condições
de trabalho na função pública, onde muitas repartições não têm
sequer uma máquina de escrever em condições. Parece-me que o
senhor não está a governar o país real. Cá na província de Gaza
não veio nenhum estrangeiro assessorar os comités sindicais e os
trabalhadores explorados.
Deixe de ser enganado pelos ex-SNASP. As condições de vida
no país real não correspondem ao o vosso propalado crescimento
económico.
Que venham cá à base mobilizar cada vez mais o povo a trabalhar
mais e a consentir sacríficios para o país. Mas vocês devem ser o
exemplo da poupança necessária.Por exemplo, proibam que os
vossos filhos andem, aos fins de semana, a fazer ralis com os
carros do Estado, gastando combustíveis que podiam levar o
médico para o hospital. Não falo do doente, nem da mulher
grávida que dá parto a caminho da maternidade, pois nem
ambulâncias temos.
Por isso, de hoje em diante, o sindicato deve abandonar a atitude
antiga de servir de comissários políticos do governo e dos patrões
que são os mesmos governantes. As acusações do PM são um
insulto aos trabalhadores explorados.
NE: No seu encontro de ontem com a imprensa, o Primeiro
Ministro reafirmou as suas declarações sobre o assunto,
dizendo que “houve interesses estranhos aos interesses
nacionais”. Para ele, a “causa justa” dos trabalhadores, que
“têm o direito de exigir pelo seu trabalho”, estava a ser
“aproveitada para outros fins”. Mocumbi disse que não
podia indicar a identidade dos aludidos estrangeiros, pois
“um trabalho de investigação está a ser feito”.
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