Moçambique on-line


Artigo do metical de 4 de Agosto


A opinião de Carlos Mhula
"INSULTO"

As acusações infundadas do Primeiro Ministro - sobre a alegada mão externa - são uma ofensa aos trabalhadores de Moçambique. Mas também nós os trabalhadores somos culpados, pois este governo foi-nos explorando ao longo dos anos e nunca reclamámos. Por isso é que os governantes pensam que não podemos ter ideias próprias.

Os governantes pensam sempre que o povo, como é analfabeto, não sabe analisar. Somos analfabetos, mas não somos estúpidos. O senhor PM pensa que precisamos de estrangeiros para vermos que os gastos que se fazem à sua volta, do PR e do Presidente da AR , são um exagero? Para vermos que, quando se deslocam em missões partidárias, os governantes levam tantos carros do Estado, incluindo ambulâncias e médicos que tanta falta dão aos hospitais?

Nós sabemos, apesar de analfabetos, que o partido ganhador usou, durante a campanha eleitoral, meios do Estado no lugar dos meios próprios.

Esse dinheiro devia ter sido poupado para melhorar as condições de trabalho na função pública, onde muitas repartições não têm sequer uma máquina de escrever em condições. Parece-me que o senhor não está a governar o país real. Cá na província de Gaza não veio nenhum estrangeiro assessorar os comités sindicais e os trabalhadores explorados.

Deixe de ser enganado pelos ex-SNASP. As condições de vida no país real não correspondem ao o vosso propalado crescimento económico.

Que venham cá à base mobilizar cada vez mais o povo a trabalhar mais e a consentir sacríficios para o país. Mas vocês devem ser o exemplo da poupança necessária.Por exemplo, proibam que os vossos filhos andem, aos fins de semana, a fazer ralis com os carros do Estado, gastando combustíveis que podiam levar o médico para o hospital. Não falo do doente, nem da mulher grávida que dá parto a caminho da maternidade, pois nem ambulâncias temos.

Por isso, de hoje em diante, o sindicato deve abandonar a atitude antiga de servir de comissários políticos do governo e dos patrões que são os mesmos governantes. As acusações do PM são um insulto aos trabalhadores explorados.

NE: No seu encontro de ontem com a imprensa, o Primeiro Ministro reafirmou as suas declarações sobre o assunto, dizendo que “houve interesses estranhos aos interesses nacionais”. Para ele, a “causa justa” dos trabalhadores, que “têm o direito de exigir pelo seu trabalho”, estava a ser “aproveitada para outros fins”. Mocumbi disse que não podia indicar a identidade dos aludidos estrangeiros, pois “um trabalho de investigação está a ser feito”.


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