Moçambique on-line

mediaFAX de 19 de Dezembro 2002

1. Nyimpine e Muthemba vão ser interrogados antes do Natal
3. Waty contradiz-se com antigo director
4. A testemunha Riaz
6. O CC da Frelimo e o caso Cardoso


Caso Carlos Cardoso:
Nyimpine e Muthemba vão ser interrogados antes do Natal

(Maputo) Nyimpine Chissano e Octávio Muthemba vão ser ouvidos em perguntas na próxima semana, na sequência dos conhecidos indícios que os ligam ao assassinato do jornalista Carlos Cardoso. Segundo apurou o mediaFAX de fontes bem colocadas, a interrogação vai acontecer ainda "antes do Natal", havendo indicações de que a audição dos dois empresários venha a ter lugar entre segunda e terça-feiras.

Tratar-se-á do primeiro acto marcante da instrução preparatória do processo 188/2002, processo autónomo do assassinato de CC. A audição em perguntas coloca os dois empresários como arguidos, ou seja, suspeitos de terem participado numa actividade criminosa, neste caso o assassinato do jornalista.

A menção dos nomes de Nyimpine Chissano e de Octávio Muthemba veio das hostes do réu Nini Satar, que está neste momento a ser julgado juntamente com cinco outros réus. Nini, depois de confessar ter feito pagamentos a Anibalzinho pelo assassinato de CC, alegou que estava apenas a seguir instruções que lhe teriam sido dadas por Nyimpine Chissano. Ele reafirmou isso várias vezes, chegando a apresentar como provas cheques da Expresso Tours com a assinatura do filho do Presidente da República.

Sobre Octávio Muthemba, Nini viria a dizer em Tribunal que a menção do nome do antigo PCA do Banco Austral resultara das "conversas que ouvia aqui na BO".

Nyimpine Chissano foi ouvido em declarações no presente julgamento, tendo negado todas as alegações feitas por Nini contra si. Quanto a Octávio Muthemba, o Ministério Público prescindiu da sua audição.
(M.M.)

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Saúde financeira do Casino Polana
Waty contradiz-se com antigo director

(Maputo) O PCA do Casino Polana, Teodoro Waty reconheceu, embora ainda manifestando dúvidas, as cópias dos cheques passados por aquela instituição à favor do Ayob Satar, um dos réus do caso Carlos Cardoso. Waty, que é também presidente da AM (Assembleia Municipal da cidade de Maputo), contou ao Tribunal que "as fotocópias dos cheques parecem ser do Casino. As assinaturas parecem ser de Guery Roup (ex-DG) e Philip Nevitt (ex-D.Financeiro)". De acordo com a testemunha, arrolada pela defesa, o casino ainda está a investigar a situação daqueles cheques.

Entretanto, as declarações de Waty ao Tribunal entram em contradição com as de Nevitt, fornecidas ao mediaFAX, quanto à saúde financeira do casino, na altura dos factos. Segundo Waty, o Casino não tinha nenhuns problemas financeiros até a "dispensa" de Roup e Nevitt, devido a problemas de má gestão, onde, conforme ele, destaca-se a concessão de créditos a terceiros de forma pouco transparente. Enquanto isso, Nevitt, reagindo a um artigo do mediaFAX de 22/03/02 que, abordava a questão dos cheques, não só confirmou a sua autenticidade como disse que nessa altura o Casino enfrentava problemas financeiros, daí o recurso aos fundos do réu Nini.

Os cheques em causa, que Waty esclareceu ao Tribunal só ter tomado conhecimento da sua existência a partir da correspondência enviada pelo advogado do Nini, Dr. Eduardo Jorge, nos meados do ano em curso, são em número de 8, pertencentes ao Banco Austral e com os seguintes valores faciais: 2 no valor de 814 milhões de Meticais cada; 4 de 725 milhões de Meticais cada, e 2 com valor de 840 milhões de Meticais cada.

Ainda na senda da audição das testemunhas da defesa, foi depor perante o tribunal, David Nunes, um empregado da Unicâmbios afecto à respectiva sede, na baixa da cidade. A testemunha, que disse trabalhar naquela firma desde 1999, afirmou exercer tarefas de protecção. Explicou conhecer apenas Ayob e Nini, para além de Orlando Joaquim Malate, este último que andava sempre com Nini. Quanto aos restantes réus, nomeadamente Ramaya, Anibalzinho, Manuel Escurinho, Carlitos, para além dos declarantes (Nyimpine Chissano e Cândida Cossa) bem como da testemunha Dudu, a fonte afirmou não conhecer e que nunca os viu na Unicâmbios.

Outra testemunha que depôs é Mahomed Riaz (ver caixa) que, basicamente, forneceu um alibi para Nini no dia 22 de Novembro de 2000. Segundo Riaz, nesse dia esteve com Nini depois das 21 horas e jantaram juntos no restaurante Piri-Piri na companhia de mais um amigo de nome Firoz. Reconheceu que, durante o jantar, o tema da conversa foi o assassinato de Cardoso, em jeito de novidade da noite, e explicou que se separaram depois das 23 horas desse dia.

Enquanto isso, Manuel Escurinho foi dispensado de continuar sentado no banco de réus alegadamente por encontrar-se doente. Escurinho explicou ao juiz que sofria de diarreia, doença que o acometeu ao longo da manhã de ontem.
(J.C.)

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A testemunha Riaz

(Maputo) Mahomed Riaz, que testemunhou ontem a favor de Nini Satar, já esteve envolvido em cenas de agressão física alegadamente perpretadas a mando de Nini. O caso, ocorrido numa loja do Bazar Central no Shoprite, foi reportado na edição do Metical de 11 de Julho de 2000, sob o título "Mais Lenha Para a Fogueira BCM".

Riaz foi acusado por Nené, um dos filhos do proprietário do Bazar Central, de o ter agredido na sequência de uma dívida contraída pelo empresário pembense, Zulficar Suleman, a Riaz, e de que Nené tinha sido o intermediário. Para além de agredir Nené, tal como reportou o Metical, Riaz "deu um estalo no próprio pai, mandou-o calar (...), após o que destruiu a montra e outros itens da loja". Nené explicaria ao Metical que Riaz só podia ter sido enviado por Nini porque a família Magid estava na posse de um cheque que estava a atrair a atenção de muita gente.

Curiosamente, o cheque é o tal com valor de 1,3 milhões de contos, que Nini diz hoje ter a ver com os valores pagos por Nyimpine pelo assassinato de CC, mas que Cândida Cossa contou em Tribunal tê-lo recebido pessoalmente de Nini para pagar os Mercedes comprados a crédito em Durban e destinados aos dois filhos de Chissano, Nyimpine e N'naite, e a Apolinário Pateguana.
(da redacção)

 
O CC da Frelimo e o caso Cardoso

(Maputo) A 2ª secção ordinária do Comité Central do Partido Frelimo realizada no fim de semana terá dado pouca atenção ao julgamento do "Caso Cardoso", curiosamento um dos factos políticos mais notórios do momento. Veteranos do Partido, ouvidos pelo mediaFAX, referem que, apesar deste julgamento ter arrastado o filho do Presidente da Republica para o Tribunal, isso não constituiu problema algum dado que Joaquim Chissano não é candidato da Frelimo nas próximas eleições.

Mariano Matsinhe, membro do CC, disse que o partido Frelimo não abordou profundamente o "Caso Cardoso", apesar de este mexer com o nome do primeiro filho do presidente Chissano. "Devo acrescentar que o nome do presidente Chissano não nos interessa tanto, pois ele não é o nosso candidato nas próximas eleições. Neste momento, estamos preocupados com o nome de Armando Guebuza, que é nosso candidato".
(R.C.)

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Moçambique on-line - 2002

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