Moçambique on-line

mediaFAX de 6 de Dezembro 2002

1. Nyimpine amnésico e inseguro
2. Expresso Tours recorria ao mercado paralelo de crédito
3. Ele falou com o Metical


Nyimpine amnésico e inseguro
O filho do PR desmentiu todas as alegações de Nini e optou pelo "não me recordo" para responder a muitas questões

(Maputo) Nyimpine Chissano irrompeu na tenda-tribunal da BO com um ar à-vontade, mas não se mostrou seguro em muitas das respostas dadas ao juiz. Ele desmentiu todas as alegações de Momad Assif, como era de esperar, e respondeu com um "não me recordou" a tantas outras questões. Hoje, Nyimpine regressa ao Tribunal para responder a perguntas da acusação particular e do advogado de Nini.

A insegurança do filho do PR foi notória quando se lhe pediu para esclarecer as suas ligações com Pedro Bule e Cândida Cossa. Numa primeira ocasião, ele disse que conheceu Pedro Bule porque foi-lhe apresentado por Cândida Cossa; que conhecera Cândida entre 1998/1999.

Mas numa outra ocasião, ele disse que foi Cândida quem lhe apresentara Pedro Bule em casa da primeira. E acrescentou, logo a seguir, que conhecera Cândida e Bule ao mesmo tempo, em casa de Cândida, depois de ter sido convidado a embarcar num negócio comum virado à importação de mercadorias diversas.

A segunda insegurança foi quando se lhe perguntou onde tinha jantado no dia 22 de Novembro de 2000, data do assassinato do jornalista. Nyimpine disse que tinha jantado em casa, mas que antes estivera no aniversário de um cidadão de nome Araújo Martins. Ontem mesmo, a redacção do jornal SAVANA recebeu um telefonema de um parente de Martins que disse que este senhor completa anos no mês de Março e não em Março.

A outra insegurança de Nyimpine neste assunto foi notória quando o Tribunal perguntou quando e como é que soube do assassinato de CC. Ele respondeu que soube por volta da 19 horas, através da TVM, ainda estava na casa de Araújo Martins. Quando Carlos Cardoso foi assassinato eram 18h45 e a TVM só viria a anunciar o facto pela primeira vez, com imagens não editadas, no Telejornal da 20 horas. Por outras palavras, se ele tomou conhecimento pela TVM só pode ter sido no Telejornal, às 20 horas. Outra insegurança de Nyimpine foi nas respostas sobre a sua ligação com a Unicâmbios.

Ele, numa primeira declaração, disse que não tinha nenhum negócio com Nini Satar, apenas com a Unicâmbios. Mas a seguir disse que a sua empresa "nunca passou cheques para a Unicâmbios", não ficando claro, pois, qual era a natureza dos seus negócios com a empresa dos irmãos Satar.

Nyimpine também causou alguma admiração ao dizer que nunca trabalhou no Banco Austral. O jornal SAVANA volta noticiar na sua edição de hoje que o filho do PR desempenhava, neste banco, o título de conselheiro económico do Conselho de Administração da era de Octávio Muthemba, com um ordenado mensal de 3000 USD. Muthemba foi por ele identificado como pessoa com quem tem "relações de amizade".

A estratégia adoptada por Nyimpine foi negar todo e qualquer vínculo com os réus, exceptuando Nini, mas este "desde que a Cândida me apresentou nunca falei com ele nem ao telefone nem em presença física, nem na Unicâmbios, muito menos na Expresso Tours". No esforço de mostrar a inexistência de relações com Nini, ele disse que "não se recordava" quando é que travara conhecimento pela primeira vez com aquele réu. Como se sabe, um declarante vai a Tribunal para ajudar no processo de produção de prova, não sendo obrigado a responder às questões colocados. Por outro lado, em todo o mundo, a Lei permite o direito ao esquecimento, e Nyimpine usou essa estratégia em muitas das questões colocadas.

Ate à pergunta sobre quando é que ele regressara dos Estados Unidos da América, onde esteve a estudar, ele disse não se recordar.
(Marcelo Mosse)

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Para obter cash flow
Expresso Tours recorria ao mercado paralelo de crédito

(Maputo) Nyimpine Chissano revelou que a sua empresa, Expresso Tours, recorria ao mercado de crédito paralelo para conseguir cash flow para as suas operações. "Quando a empresa precisava de dinheiro, pedíamos empréstimos e passávamos os cheques como garantia", disse ontem o filho do PR, tentando justificar o negócio subjacente aos cheques que Nini entregou ao Tribunal como prova da sua inocência.

Recorde-se, Nini confessou ter feito pagamentos a Anibalzinho; disse que esses pagamentos tinham sido feitos por indicação de Nyimpine; para consubstanciar isso apresentou 7 cheques da Expresso Tours, com a assinatura de Nyimpine.

Ontem, o filho do PR disse não saber como é que os cheques foram parar às mãos de Nini. Contou que aqueles cheques tinham sido passados a favor de Cândida Cossa, na sequência de um crédito que esta senhora fizera à Expresso Tours. "Precisávamos de dinheiro para pagar o fornecimento de terceiros e passámos o cheque como garantia de reembolso. Logo que os nossos clientes liquidavam as suas dívidas, nós devolvíamos o dinheiro para reaver os cheques", explicou ele. Alguns cheques, alegou, nunca lhe chegaram a ser devolvidos.

Nyimpine disse que era normal a Expresso Tours fazer pagamentos de cheques ao portador como prova de reembolso de créditos. Nyimpine vai responder hoje a perguntas da acusação particular e da defesa, concretamente do advogado do réu Nini, Eduardo Jorge.
(M.M.)

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Ele falou com o Metical

(Maputo) Nyimpine disse ontem que nunca falou com Carlos Cardoso ou com qualquer outro jornalista do Metical. Ele está a mentir. Na edição 472, de 07.05.1999, o Metical publicou um texto sob o título "Nyimpine não confirma nem desmente". Eis as passagens relevantes do texto, notando-se claramente que Nyimpine foi entrevistado pelo Metical:

Nyimpine Chissano, o filho do PR, não confirma nem desmente que agrediu dois polícias na 2ª esquadra da PRM em Maputo, no sábado à tarde. Num brevíssimo contacto telefónico com ele, ontem, referimos-lhe a notícia surgida no DEMOS desta semana e perguntamos-lhe se era verdade.

"Não tenho comentário a fazer sobre isso".

É verdade que o sr. esteve na esquadra?

"Não tenho comentário a fazer sobre isso. Obrigado". E desligou.

Numa outra ocasião, Nyimpine chegou a insultar um repórter do Metical, dizendo que o jornal não tinha nada que o interrogar, que ele não era o Presidente da República, que o jornal podia fazer isso com o PR mas não com ele, que ele não permitiria que isso voltasse a acontecer.

Foi esta postura que fez com que o editor Carlos Cardoso tomasse a decisão de nunca mais voltar a tentar ouvir Nyimpine nos artigos em que ele fosse visado. Essa decisão de CC pode ser lida no post scriptum do texto "Filho do PR vai gerir a Lotarias?", de que publicamos partes relevantes nesta edição.
(da redacção)

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